Antes deste livro o autor[1] escreveu
Os Micronautas e A Microcolónia. No entanto a leitura deste não depende da dos
primeiros.
O mundo devastado pela guerra, pela fome e pelo medo decide
clonar cerca de 10.000 seres humanos,
através de um processo irreversível, reduzindo o seu tamanho em cerca de 35
vezes. A colónia, projeto Arcádia, é fechada num parque e são colocados sinais
identificando o local como radioativo os de outros perigos químicos, que
ajudam a isolar e proteger o local.
O tempo passa e os criadores acabam por desvalorizar e
mesmo esquecer a colónia. Outros governantes tomam as rédeas do poder e tomam
conhecimento da existência desta experiência, considerando-a uma aberração e,
em princípio, pensam destruí-la logo que
se inteirem da sua localização.
Os pequenos homens, apesar das desavenças que já existem
entre eles, têm de se unir para lutar pela sobrevivência, mesmo contra os
próprios criadores.
Há um grupo de dissidentes, que fugiu do poder central,
quase que ditatorial, que vivem livres mas quase como selvagens. Mas nesse
pequeno grupo nasceu uma criança, promessa de futuro, algo que não foi
conseguido no resto da colónia. Uma esperança que a governação da colónia quer assumir
como de todos.
Ambos os grupos têm de lutar contra um homem, tamanho
inteiro, criminoso, que talvez por não saber ler os sinais de perigo, entrou no
parque e cria uma tão grande ameaça que os força a unirem-se para se salvarem.
O intruso acaba por morrer, depois de ter bebido em excesso
bebidas alcoólicas encontradas numa casa do parque, com os pulsos e os
tornozelos cortados pela ação conjugada de centenas de pequenos homens. Este
ato equivale à assunção de que são seres de espécies diferentes.
Ironicamente o chefe dos revoltosos vem a ser o comandante
de toda a colónia. Fica, no entanto, a certeza de que este não tem capacidade
para gerir um tão largo número de seres, alguém terá que organizar esta
sociedade: os homens que têm capacidade para pensar, para ver além do imediato.
Acaba o livro com a promessa do novo líder mundial, o cego
e fanático religioso, Hallot, de que assim que souberem onde fica Arcádia, esta
será varrida do mapa.
Um dos mais interessantes temas abordador é o estudo, ainda
que implícito, da natureza humana: as estruturas de poder, a emoção que domina
a razão, a superioridade do coletivo sobre o individual…
Nota: Aparentemente, nenhum
dos três livros desta sequela foi traduzido para português.
WILLIAMS,
Gordon. Revolt of the Micronauts. Bantam Books, 1981.
[1] Escocês
nascido em 1934, jornalista e guionista de televisão, produziu mais de 20
títulos, dois dos quais foram levados ao cinema. De Os Micronautas foi escrito um guião para cinema, mas até agora não
foi realizado.
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