Notas de algumas leituras, sem pretensões de crítica literária.

Seleção de alguns poemas, com ou sem comentários.


domingo, 17 de maio de 2015

Poemas de amor e não, Sérgio Paulo Silva (1950)



POEMA DE SEMPRE

Escreverei o meu amor a giz para iluminar as paredes solitárias.
Egito Gonçalves

Escreverei uma jarra bordada de flores e insectos
Para iluminar as horas mais nuas
Os vidros Os metais Escreverei uma anémona
Para iluminar os versos mais gelados
Um nome Uma esperança
Escreverei o meu amor a giz
Para iluminar as paredes solitárias


POEMA FRUGAL

As horas
quebram-se
nas veias
e enchem
de estilhaços
o coração.

Da contracapa: «Sérgio Paulo das Neves Rodrigues da Silva dá testemunho, em Poemas de Amor e Não, de propostas tensas dum canto intranquilo e ácido, que desfibra a selva em que habitamos, disfarçados e sombrios…
Poesia estranhamente exacta e distante, ela reflecte um pensar que se vai modelando e lança mão de operações onde um lirismo contundente e uma angústia impetuosa esbatem as barragens desencantadas de um convencionalismo e dum parentalismo pátrio.»
José de Matos-Cruz

SILVA, Sérgio Paulo das Neves Rodrigues da. POEMAS DE AMOR E NÃO. Livros sem editor, n.º 2. 1971