POEMA DE SEMPRE
Escreverei o meu amor a giz para
iluminar as paredes solitárias.
Egito Gonçalves
Escreverei uma jarra bordada de flores e insectos
Para iluminar as horas mais nuas
Para iluminar os versos mais gelados
Um nome Uma esperança
Escreverei o meu amor a giz
Para iluminar as paredes solitárias
POEMA FRUGAL
As horas
quebram-se
nas veias
e enchem
de estilhaços
o coração.
Da contracapa: «Sérgio Paulo das Neves Rodrigues da Silva dá
testemunho, em Poemas de Amor e Não, de propostas tensas dum canto intranquilo
e ácido, que desfibra a selva em que habitamos, disfarçados e sombrios…
Poesia estranhamente exacta e distante, ela reflecte um
pensar que se vai modelando e lança mão de operações onde um lirismo
contundente e uma angústia impetuosa esbatem as barragens desencantadas de um
convencionalismo e dum parentalismo pátrio.»
José de Matos-Cruz
SILVA, Sérgio Paulo das Neves Rodrigues da. POEMAS DE AMOR E
NÃO. Livros sem editor, n.º 2. 1971