Notas de algumas leituras, sem pretensões de crítica literária.

Seleção de alguns poemas, com ou sem comentários.


segunda-feira, 13 de outubro de 2014

SLAN, de A. E. van VOGT



Normalmente, os livros de ficção científica partem de uma ideia de avanço científico e, aqueles que são verdadeiramente bons, constroem à volta desse passo em frente uma nova sociedade coerente, prevendo todas as implicações possíveis.
Este, apesar de, para além das naves espaciais e da anti-gravidade, que já muitos tinham utilizado, surgiu com a energia atómica limpa e ligas metálicas muito mais resistentes do que até agora se conhecem, apresenta como principal motivo a evolução do próprio homem.
No princípio julgamos estar perante o confronto entre duas espécies diferentes: os slan e os humanos, sendo os primeiros produtos de experiências de um cientista, Samuel Lann – daí slan; depois somos levados a pensar que são três: os verdadeiros slan que apresentam por entre os cabelos tentáculos dourados, outros slan que não os têm e os humanos, sendo que os primeiros são capazes de ler as mentes de todos e comunicar entre si por telepatia.
Argonauta n.º 23
Um dos temas é, sem dúvida, a xenofobia, o medo do que se desconhece mas há também considerações sobre o governo dos povos, a propaganda e a desinformação a alimentar o medo e o ódio.
O enredo é bem conseguido. A certa altura poderíamos pensar que não haveria justificação para o surgimento ou desaparecimento de determinadas personagens, mas no fim o autor surpreende-nos com a coerência da sua introdução na história, justificando uma leitura para além do mero entretenimento. A história têm o fim aberto, indiciando a possibilidade de uma continuação. De facto, a sua esposa veio a publicar uma sequência a partir de um manuscrito inacabado.
O livro narra a história de John Thomas Cross, Jommy Cross, que com nove anos se vê órfão de pai e mãe. O pai deixara-lhe como legado a arma mais poderosa até então inventada, assim como outros estudos científicos. Esta arma deveria ser usada apenas como último recurso na sua sobrevivência e na persecução de fins altruístas. É obrigado a viver escondido, até ter maturidade suficiente para recolher esse legado escondido e depois volta a viver escondido na procura de soluções para os conflitos existentes e de outros slan. É essa clandestinidade que lhe permite desenvolver as suas capacidades e procurar os meios para conseguir os seus objetivos, nomeadamente o mistério da sua própria existência.
Afinal os slan com os sem tentáculos na cabeça, eram apenas a evolução própria da natureza, que através dos milénios permitiu que os seres evoluíssem e se modificassem. Tal como houve homo habilis, homo erectus, homo sapiens, haverá…
O fim deixa-nos a esperança que, apesar de uma guerra eminente, o homem há de evoluir para um ser melhor, mais generoso e clarividente.

VOGT, A. E. Van. SLAN. Dell.

(Tradução portuguesa na coleção Argonauta n.º 23)

1 comentário:

  1. Estou lendo este livro. Consegui num sebo esta edição da Argonauta. Muito bom mesmo! Descobri A. E. Van Vogt através de 'A Casa de Armas' que achei sensacional. Hj sempre que encontro algum de seus livros, não deixo passar.

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