Jonathan Nöel, na casa dos 50, vive numa mansarda em Paris. É
guarda de um banco. Tem uma vida monótona e sem sobressaltos. Aliás exatamente
aquilo que ele deseja: «havia uns bons vinte anos que levava uma vida igual sem
incidentes.» (p. 7)
Uma pomba, uma simples pomba ferida, que naquela manhã está
no corredor que leva à casa de banho, e sujou a passagem com os seus dejetos, é
o absurdo que rasga a realidade construída por este homem ao longo de cerca de três
décadas.
É surpreendente como algo que interfere com as nossas
rotinas nos pode desequilibrar, pois os medos e fobias em grande medida estão
dentro de nós e não têm qualquer substância, são ridículos. Na verdade para
lavar os excrementos deixados pela pomba um trapo e um pouco de água bastam, no
entanto para lavar a porcaria criada por um cérebro doentio será preciso
encontrar o esfregão eficaz, o que se poderá revelar difícil.
Como o bobo da corte de antanho, também Jonathan vai dizendo
umas verdades a respeito dos seus concidadãos e da estratificação social.
O livro, para além da obsessão do protagonista, reflete
sobre a sociedade.
SÜSKIND,
Patrick. A Pomba. Editorial Presença, 1987
Outras
obras do autor:
O
Perfume
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