Este livro chama a atenção do leitor para os muitos muros
que, pelo mundo fora, separam os povos. Frequentemente povos irmãos, noutros casos
opressor e oprimido.
Os exemplos abordados são:
O derrubado Muro de Berlim, Alemanha (p. 15);
Pyong Yang, Coreia do Norte (p. 39);
Belfast, Irlanda do Norte (p. 68);
El Aaiún – Gdeim
Izik, Sahara Ocidental (p. 78)[2];
Jerusalém, Gaza, Israel
(p. 99);
Caxemira –
Srinagar, Índia(p. 144);
Nogales, México (p. 166);
Rio de Janeiro, Brasil (p. 176).
No entanto, os muros mais importantes de todos são aqueles
que existem dentro de nós: criados pela educação e pela socialização,
nomeadamente pela vivência dos próprios «murados».
A autora opta pela generalização do argumentário, ou seja,
na vertigem de elencar todos os muros, poucos argumentos são aduzidos para cada
circunstância e não há, como agora se diz, qualquer contraditório.
O protagonista, Alberto Albuquerque, é uma espécie de catalisador
que, chegado aos locais dos muros, acelera ou provoca uma reação.
A vida pessoal deste jornalista, depois de ter assistido e
escrito sobre a queda do Muro de Berlim, torna-se mais ativa e empenhada,
levando-o a cassar outros muros, nomeadamente os que existem dentro de si.
Se em relação aos muros tudo é sofrimento e dor, em relação
à sua recém-descoberta família é quase tudo amor e harmonia.
O livro é de fácil leitura, apesar de alguma inovação a
nível da apresentação dos diálogos (entre aspas e sem qualquer menção de quem
diz o quê). Vale essencialmente pela parte documental e pela escolha feliz de
canções de luta que ilustram os conflitos listados.
Sobre a autora transcreve-se da badana:
«Ana Filomena Leite Amaral nasceu em Avintes, a 4 bde
setembro de 1961. É mestre em História Económica e Social Contemporânea pela
Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, possui o curso de pós-graduação
em Ciências Documentais / Biblioteconomia, e uma larga experiência como
intérprete e tradutora de várias línguas europeias, mantendo particular
contacto com a língua alemã. Atualmente é técnica superior do Ministério da
Educação. O Cassador de Muros é o seu sexto romance…»
[1]
O verbo cassar significa, grosso modo, anular, quebrar.
[2]
Sobre o conflito entre Marrocos e o povo Saharauí o maestro Victorino d’Almeida
escreveu um pequeno e interessante livro de nome: Polisário: Memória da Terra Esquecida. Cadernos O Jornal, 1984.
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