Notas de algumas leituras, sem pretensões de crítica literária.

Seleção de alguns poemas, com ou sem comentários.


domingo, 15 de novembro de 2015

ALFREDA, OU A QUIMERA, Vasco Graça Moura

Nada melhor do que as palavras do autor para definir esta história:

«Alfreda, ou a Quimera tem a sua origem num conto que o semanário Expresso me encomendou para publicar no Verão de 2007. Uma vez escrita essa vintena de páginas, apercebi-me de que a história era susceptível de vários desenvolvimentos e foi isso o que tentei fazer no mês de Agosto do mesmo ano.
A síntese é fácil de fazer: um coleccionador particular de livros antigos deixa-se fascinar por uma mulher com quem esteve apenas duas vezes e que acaba por se tornar uma obsessão para ele. No ramerrame da sua existência, que corre sem grandes preocupações materiais, é este leitmotiv que vai conduzindo, ostensiva ou implicitamente, a narrativa para o seu desfecho.
Ao longo do romance, vários textos de circunstância, alguns inéditos, outros obscuramente publicados, ou então curtos fragmentos deles, foram sendo incorporados na trama narrativa, por, em meu entender fazer sentido cerzi-los em determinadas passagens e eles contribuírem para caracterizar melhor personagens, ambientes e situações. Na verdade, um romance é o culminar de muitas reflexões e muitas experiências da vida e da escrita. Que várias delas tenham começado por ter expressão avulsa não as impede de figurarem no lugar em que podem ganhar mais força e dar mais vitalidade ao todo. O problema é exclusivamente do autor e o risco também.
Dei a alguns capítulos, embora não a todos, o título de obras conhecidas, procurando com isso reforçar, de algum modo, a ligação e a óptica do narrador ao universo dos livros. Recorri à tradução das Metamorfoses, de Ovídio, de Paulo Farmhouse Alberto, e da llíada, de Homero, de Frederico Lourenço, para duas breves citações destas obras que são feitas no texto. Pus na boca de Pips, aliás William Brompton-St. James, algumas linhas de Shakespeare e de T. S. Eliot, entre outros autores de língua inglesa. E desejaria que o Porto, não um Porto propriamente «realista», mas um Porto quase tumultuariamente imaginado num tropel em que se sobrepõem referências objectivas e reminiscências afectivas, fosse tomado como uma das personagens desta história.

Benfica do Ribatejo, 31 de Dezembro de 2007.»

Para além do que VGM sintetiza na nota acima, seduziu-me a grande quantidade de referências à bibliofilia e os métodos utilizados para encontrar livros antigos e valiosos.
O livro, ainda que tenha algumas referência cultas, é de fácil e gratificante leitura.

MOURA, Vasco Graça. Alfreda, ou a Quimera. Círculo de Leitores, 2009. 2.ª ed.

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