História de um homem que se esconde da polícia no sótão de
uma casa na Figueira da Foz. Esta casa, aliás como outros espaços mencionados, é
facilmente identificável.
A história do narrador está relacionada com outras
personagens, das quais vamos sabendo o seu percurso existencial. É através
destas que vamos sabendo a sua história, nomeadamente através de uma vizinha
que se vem a revelar a personagem mais importante do romance. Há ainda,
lateralmente, a história de um casal de jovens judeus refugiados que tinham habitado
aquele mesmo sótão, onde agora se encontra o auto-suficiente narrador.
Borboleta / D. Purificação, que fora uma bela mulher e
ajudara a cativar turistas e veraneantes para o jogo, depois de ter
tido um grande dissabor com a perda do seu amor espanhol, que lhe deixou uma
filha para criar, vem a revelar-se dura, daí o título emprestado de um verso de
um poeta brasileiro, como homem que provavelmente foi responsável por ela ter
sido abandonada. Este homem é corrupto e lascivo e tenta agora recuperar algum
do dinheiro sujo que investiu, ironicamente, no homem que é amante da filha de
Borboleta, revelando-se uma espécie de circularidade da história de mãe e filha.
Nas descrições de lugares e de personagens abundam
alfinetadas ao carácter de gruposn sociais e mesmo de algumas pessoas quase que
identificadas e a factos ocorridos na Figueira da Foz ao longo de várias gerações.
O autor escreve de forma sóbria e eficaz e o conhecimento da
vida na Figueira da Foz veio certamente da sua permanência nesta cidade,
durante o tempo em que foi casado com a jornalista, tradutora e escritora,
Tereza Coelho, que infelizmente já nos deixou.
Mesmo que não nos interessemos pela Figueira da Foz, vale a
pena ler!
MARTINS, Rui Cardoso. O osso da borboleta. Tinta da China, 2014.
MARTINS, Rui Cardoso. O osso da borboleta. Tinta da China, 2014.
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