Notas de algumas leituras, sem pretensões de crítica literária.

Seleção de alguns poemas, com ou sem comentários.


terça-feira, 7 de abril de 2015

O OSSO DA BORBOLETA, Rui Cardoso Martins



História de um homem que se esconde da polícia no sótão de uma casa na Figueira da Foz. Esta casa, aliás como outros espaços mencionados, é facilmente identificável.
A história do narrador está relacionada com outras personagens, das quais vamos sabendo o seu percurso existencial. É através destas que vamos sabendo a sua história, nomeadamente através de uma vizinha que se vem a revelar a personagem mais importante do romance. Há ainda, lateralmente, a história de um casal de jovens judeus refugiados que tinham habitado aquele mesmo sótão, onde agora se encontra o auto-suficiente narrador.
Borboleta / D. Purificação, que fora uma bela mulher e ajudara a cativar turistas e veraneantes para o jogo, depois de ter tido um grande dissabor com a perda do seu amor espanhol, que lhe deixou uma filha para criar, vem a revelar-se dura, daí o título emprestado de um verso de um poeta brasileiro, como homem que provavelmente foi responsável por ela ter sido abandonada. Este homem é corrupto e lascivo e tenta agora recuperar algum do dinheiro sujo que investiu, ironicamente, no homem que é amante da filha de Borboleta, revelando-se uma espécie de circularidade da história de mãe e filha.
Nas descrições de lugares e de personagens abundam alfinetadas ao carácter de gruposn sociais e mesmo de algumas pessoas quase que identificadas e a factos ocorridos na Figueira da Foz ao longo de várias gerações.
O autor escreve de forma sóbria e eficaz e o conhecimento da vida na Figueira da Foz veio certamente da sua permanência nesta cidade, durante o tempo em que foi casado com a jornalista, tradutora e escritora, Tereza Coelho, que infelizmente já nos deixou.
Mesmo que não nos interessemos pela Figueira da Foz, vale a pena ler!

MARTINS, Rui Cardoso. O osso da borboleta. Tinta da China, 2014.

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