Notas de algumas leituras, sem pretensões de crítica literária.

Seleção de alguns poemas, com ou sem comentários.


quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

DISCURSO DO URSO, Julio Cortázar



História integrada no livro Historias de cronopios y de famas de 1962, agora ilustrada por Emilio Urberuaga, na celebração do centenário do seu nascimento.
Um urso vagueia pelos canos da casa. É ao mesmo tempo o medo dos humanos que não sabem explicar alguns dos barulhos que ocorrem nas tubagens das suas casas e uma explicação que maravilha as crianças, que, assim, percebem não haver razão para ter medo dos barulhos que os canos das suas habitações produzem.
O urso é uma entidade terna, extremamente amigável e protetora.
O texto curto e de fino humor é habilmente valorizado pela ilustração de Emilio Urberuaga.
Aqui fica uma imagem maravilhosa, com que acaba a história: …olho para a escuridão dos quartos onde vivem estes seres que não podem andar nos canos. E chego a ter pena deles ao vê-los tão desajeitados e grandes, ao ouvir como ressonam e sonham em voz alta, e como estão tão sós. Quando de manhã lavam a cara, acaricio-lhes as faces, lambo-lhes o nariz e vou-me embora, com a vaga certeza de ter feito bem.

Sobre o autor e o ilustrador transcreve-se a informação fornecida pela editora Kalandraka:

JULIO CORTÁZAR (Bruxelas, 1914 – Paris, 1984)
Viveu parte da sua infância na Bélgica e na Suíça. Estudou Letras e Magistério na Argentina, e foi professor em aldeias da província em Buenos Aires. Em 1944 deu cursos de literatura francesa na Universidade de Cuyo e em 1951, após obter uma bolsa do governo francês, estabeleceu-se definitivamente em Paris, onde construiu uma brilhante carreira literária que lhe daria o reconhecimento mundial. Da sua produção narrativa destacam-se Bestiario (1951), Final de juego (1956), Las armas secretas (1959), Historias de cronopios y de famas (1962), Todos los fuegos el fuego (1966) e os romances Los premios (1960), Rayuela (1963) e 62. Modelo para armar (1968). A obra de Cortázar foi traduzida para mais de trinta idiomas e ocupa um lugar de destaque no acervo literário do século XX.

EMILIO URBERUAGA (Madrid, 1954)
É o responsável gráfico por uma das personagens mais célebres da narrativa infantil espanhola: Manelinho Caixa de Óculos, traduzido em mais de dezoito línguas. A sua obra pessoal foi difundida na América Latina, Coreia, Estados Unidos, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Inglaterra, Itália, Japão e Lituânia. Como escritor e ilustrador publicou vários trabalhos em editoras como Bohem Press, Edelvives e Anaya.
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CORTÁZAR, Julio. Discurso do urso. Kalandraka, 2008.


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