Visão desencantada da possível evolução de um país pobre
para uma “zona”, cujo único rendimento é um tipo de turismo: o de sangue.
Confrontado com a pobreza dos seus habitantes e com a oferta melhor e mais
barata de praias, bordéis, jogo, etc., a Portugal, pois é, sem dúvida, esse o
país invocado, só lhe resta simular a guerra - “Turismo de fealdade,
inospitalidade, sangue…” (p.206) -, com atentados, bombas, minas: ser um “paraíso
do caos” para cativar turistas que procuram emoções muito fortes ou mesmo a
morte. Naturalmente, todos encontram as primeiras e muito poucos a segunda,
pois isso não é bom para o negócio.
Por todo o livro está disseminada uma crítica, ora mais
direta ora mais subtil. Dois exemplos apenas:
“As pessoas pobres, ao que parece, tinham muito jeito para as línguas.
Um traço genético, ou coisa e tal.” (p. 12);
“E
Deus queira que lhe dêem um tiro […] isso é que era bem visto, e dava uma
imagem que faria não só jornais e televisões, mas também, oxalá, o youtube.”
(p. 161)
ZINK, Rui. O destino
turístico. Teorema, 2008.
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