Ingénuo! Julgava eu que esta trapalhada de afirmar isto e o
seu contrário era uma característica desenvolvida pelos (políticos) portugueses.
Nada mais errado. Não é mais do que uma herança que nos legaram os
conquistadores romanos. Nem Viriato nos valeu.
“-Destruição de credibilidade […] a pedra de toque da jurisprudência
romana. O acusador recorre a todos os meios para destruir a reputação do
acusado, o que faz com que pareça mais provável que ele tenha cometido o crime
de que é acusado. Depois, o defensor faz a mesma coisa, mas ao contrário,
acusando os acusadores[1]
de diversas abominações, a fim de destruir a sua credibilidade,” (p. 71)
Vamos então ao livro:
Este livro faz parte de uma série denominada Sub-rosa. Inclui: Sangue Romano, O Abraço de Némesis, O Enigma de Catilina, O Lance de Vénus, O Crime na Via Ápia e Rubicão (publicados em português).
O título vem de um jogo de dados romano, que no livro aparece referido numa taberna e bordel, em que o jogador ao lançar os quatro dados obtém um valor diferente em cada um deles.
Uma espécie de resumo:
Em 56 A.C., Díon, filósofo e embaixador egípcio, procura
Gordiano, o Descobridor, que em jovem tinha sido seu aluno informal nas escadas
da biblioteca de Alexandria. Disfarçado e aterrorizado por toda a delegação egípcia
ter sido chacinada vem pedir ajuda a Gordiano para tentar continuar vivo.
Nessa mesma noite Díon será assassinado.
Gordiano é contratado para investigar a morte de Díon por Clódia,
uma bela “femme fatale”. A procura de Gordiano revela a depravação da sociedade
romana a vários níveis, nomeadamente política e de costumes. A verdade é
indiferente em tribunal. O que vale são as orações dos acusadores e da defesa.
Os testemunhos são despiciendos. Os homens e mulheres são facilmente descartáveis,
principalmente os escravos. Em conclusão, não interessam os factos mas sim as
palavras. Naturalmente, o fim é surpreendente: Díon foi morto por…
Nota: Os depoimentos dos escravos só eram válidos se obtidos
sob tortura pelos oficiais do tribunal.
É espectacular a argumentação perante o Senado. Incrível como
as orações, discursos, de Marco Célio e Cícero, no julgamento do primeiro,
viram a acusação do avesso.
Frase de que gostei particularmente:
“Acho que o cabelo grisalho e as rugas são uma espécie de disfarce
involuntário usado por todas as pessoas quando chegam a certa idade.” (p. 25)
Quem tiver oportunidade deverá ler os títulos pela ordem que foram publicados, pois fará mais sentido em relação aos factos históricos.
Olá, Vitor.
ResponderEliminargostei muito da frase sobre o cabelo grisalho... ;)
Geralmente não gosto de livros que compõem uma série. Prefiro que digam o que têm a dizer num só volume, mas sua resenha foi muito interessante. Anotei aqui a sugestão.
Ah! E fiquei como seguidora, viu?
Abraço"
P.S.: Conheci Figueira da Foz. Lindo lugar!