Notas de algumas leituras, sem pretensões de crítica literária.

Seleção de alguns poemas, com ou sem comentários.


sexta-feira, 9 de agosto de 2013

O LANCE DE VÉNUS, Steven Saylor



Ingénuo! Julgava eu que esta trapalhada de afirmar isto e o seu contrário era uma característica desenvolvida pelos (políticos) portugueses. Nada mais errado. Não é mais do que uma herança que nos legaram os conquistadores romanos. Nem Viriato nos valeu.

“-Destruição de credibilidade […] a pedra de toque da jurisprudência romana. O acusador recorre a todos os meios para destruir a reputação do acusado, o que faz com que pareça mais provável que ele tenha cometido o crime de que é acusado. Depois, o defensor faz a mesma coisa, mas ao contrário, acusando os acusadores[1] de diversas abominações, a fim de destruir a sua credibilidade,” (p. 71)

Vamos então ao livro:
Este livro faz parte de uma série denominada Sub-rosa. Inclui: Sangue Romano, O Abraço de Némesis, O Enigma de Catilina, O Lance de Vénus, O Crime na Via Ápia e Rubicão (publicados em português).

O título vem de um jogo de dados romano, que no livro aparece referido numa taberna e bordel, em que o jogador ao lançar os quatro dados obtém um valor diferente em cada um deles.

Uma espécie de resumo:


Em 56 A.C., Díon, filósofo e embaixador egípcio, procura Gordiano, o Descobridor, que em jovem tinha sido seu aluno informal nas escadas da biblioteca de Alexandria. Disfarçado e aterrorizado por toda a delegação egípcia ter sido chacinada vem pedir ajuda a Gordiano para tentar continuar vivo.
Nessa mesma noite Díon será assassinado.
Gordiano é contratado para investigar a morte de Díon por Clódia, uma bela “femme fatale”. A procura de Gordiano revela a depravação da sociedade romana a vários níveis, nomeadamente política e de costumes. A verdade é indiferente em tribunal. O que vale são as orações dos acusadores e da defesa. Os testemunhos são despiciendos. Os homens e mulheres são facilmente descartáveis, principalmente os escravos. Em conclusão, não interessam os factos mas sim as palavras. Naturalmente, o fim é surpreendente: Díon foi morto por…
Nota: Os depoimentos dos escravos só eram válidos se obtidos sob tortura pelos oficiais do tribunal.
 


É espectacular a argumentação perante o Senado. Incrível como as orações, discursos, de Marco Célio e Cícero, no julgamento do primeiro, viram a acusação do avesso.

Frase de que gostei particularmente:

“Acho que o cabelo grisalho e as rugas são uma espécie de disfarce involuntário usado por todas as pessoas quando chegam a certa idade.” (p. 25)

Quem tiver oportunidade deverá ler os títulos pela ordem que foram publicados, pois fará mais sentido em relação aos factos históricos.


[1] Leia-se queixosos.

1 comentário:

  1. Olá, Vitor.
    gostei muito da frase sobre o cabelo grisalho... ;)
    Geralmente não gosto de livros que compõem uma série. Prefiro que digam o que têm a dizer num só volume, mas sua resenha foi muito interessante. Anotei aqui a sugestão.
    Ah! E fiquei como seguidora, viu?
    Abraço"
    P.S.: Conheci Figueira da Foz. Lindo lugar!

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