Notas de algumas leituras, sem pretensões de crítica literária.

Seleção de alguns poemas, com ou sem comentários.


quarta-feira, 2 de setembro de 2015

ESTRELA DISTANTE, Roberto Bolaño



É-me difícil elogiar este livro, ainda que lhe econheça valor.
Primeiro, vamos à sinopse e à nótula biográfica incluídas nas badanas:

«O narrador viu pela primeira vez aquele homem. em 1971, ou 1972, quando Allende era ainda presidente do Chile. Então, fazia-se chamar Ruiz-Tagle e deslizava com a distância e a cautela de um gato pelos ateliers literários da Universidade de Concepción. Escrevia poemas também distantes e cautelosos, seduzia as mulheres, despertava nos homens uma indefinível desconfiança. Voltou a vê-lo depois do Golpe, época em que até os poetas jovens de dezoito anos, como ele, se viram de repente, mergulhados numa repentina e sangrenta maturidade. Mas nessa ocasião, o narrador - que conta a história desde o limite entre o fascínio e a necessidade de saber, ou de fazer saber -, ainda ignorava que aquele aviador, Wieder, militar de carreira que escrevia com fumo versículos da Bíblia com um avião da Segunda Guerra Mundial, e Ruiz-Tagle, o péssimo aprendiz de poeta, eram uma e a mesma pessoa. Versículos que os prisioneiros nos estádios liam, e que já não leriam as irmãs Garmendia, duas das poetas que ele tinha seduzido e feito desaparecer.
E assim, num percurso pelas muitas bifurcações dos caminhos da história, das mitologias e das literaturas da nossa época, é-nos contada a fábula nada exemplar de um impostor (mas não somos todos impostores, nalgum momento das nossas vidas?), de um homem de muitos nomes, sem outra moral a não ser a estética (mas não é esta a aspiração de qualquer artista?), dandy do horror, assassino e fotógrafo do medo, artista bárbaro que levava as suas criações até às últimas e letais consequências.»

«Roberto Bolaño

(1953-2003), nascido no Chile, narrador e poeta, impôs-se como um dos escritores latino-americanos do nosso tempo.
Publicou, entre outros, os ensaios recolhidos em Entre Paréntises, os livros de contos Llamadas telefónicas (Prémio Municipal de Santiago do Chile), Putas asesinas e El gaucho insufrible, e os romances Estrella distante, Amberes, Los detectives selvajes (Prémio Herralde de Novela e Prémio Rómulo Gallegos, ambos por unanimidade) e o monumental 2666

Agora, resta-me dizer que o livro está pejado de referências culturais, principalmente a autores e livros chilenos que, devido à minha ignorância, se tornam ininteligíveis.
Acabo citando uma frase da p. 150.:
«Lia mas as palavras passavam como escaravelhos incompreensíveis, atarefados num mundo enigmático.»

BOLAÑO, Roberto. Estrela distante. Teorema, 2009